11 de jul. de 2008

A Inflação perante as Keynesintrujices

O texto abaixo é uma reação a um debate neo-keynesiano (ver 1 e 2) proposto no blog do meu amigo Matheus, o Economia Prática.

É preciso me convencer que este ferramental keynesiano é útil para explicar a inflação. Primeiramente, um erro típico do keynesianismo é entender que inflação seja uma alta no "índice de preços". Inflação não é o "aumento generalizado nos preços", como dizem nas faculdades e manuais, mas sim a depreciação do poder de compra da unidade monetária - algo bem diverso, portanto. Dessa forma, outra questão surge: o que causa a depreciação no poder de compra da moeda, i.e., o que causa a inflação? Resposta: o aumento na oferta de unidades monetárias. E quem pode fazer isto: o Estado, que é o monopolista da impressão de dinheiro. Em um contexto de livre mercado, onde não há expansão artificial da moeda, um aumento de preços setorial (digamos nos alimentos) não implica inflação, mas sim em aumento RELATIVO no preço dos produtos alimentícios. Todos os demais produtos da economia permanecem os mesmos. Porém, agora, as pessoas demandarão mais recursos para adquirir a mesma quantia de alimentos que antes, o que necessariamente implicará uma redução de consumo dos outros bens, pressionando seus preços para baixo, havendo, por fim, um ajustamento que não implicará num "aumento generalizado nos preços", simplesmente porque não ocorreu um aumento na OFERTA DE MOEDA. Porém, se o Estado quiser "salvar" a economia (como rezam os keynesianos), mantendo a prosperidade através da emissão de moeda, isto acarretará em inflação. Caso haja continuidade desta política, necessariamente decorrerá um período de expansão artificial (pois o crescimento não é sustentado em poupança, mas em notas de dinheiro pintado). Cedo ou tarde, o governo terá que rever este artificialismo com o aumento dos juros para refrear o conjunto de investimentos insustentáveis, por causa da própria inflação, que passa a corroer o poder de compra da moeda. Uma situação como esta de caos monetário acaba por refletir em todos os setores "reais" da economia e leva-a, necessariamente, à depressão - o remédio inevitável e previsível para arrebatar a euforia artificial causada pela intervenção estatal no mercado de crédito - supostamente feita para “salvar” a economia daquele desajuste nos preços dos alimentos.

Isto é, a solução keynesiana é como uma droga que quanto mais se injere acreditando que manterá o drogado eufórico e numa boa, no fim das contas estará conduzindo ele para o colapso. A economia é como um organismo, e a injeção artificial de moeda no sistema tem os efeitos de uma droga. Por isso, aliás, que na década de 1970, a economia keynesiana entrou em colapso, pois se deparou com um dilema insolúvel para seus manuais. O mundo vivia uma inflação com desemprego galopante. Daí, o certo ressurgimento dos economistas liberais: o keynesianismo hegemônico falhou e não tinha respostas para enfrentar uma crise jamais imaginada por seus economistas; todavia, previstas pelos bons, porém desprezados economistas, como Ludwig Von Mises.

4 comentários:

Anônimo disse...

Baw, kasagad-sagad sa iya ubra blog!

Anônimo disse...

It enables us to express our feelings and opinions.

Anônimo disse...

Damu pa kmu to?.. Nano ni klase blog man?

Anônimo disse...

Alguns manuais definem a inflação como um aumento contínuo e generalizado de preços. Lembro que meu orientador de monografia, professor Dr. Antony P. Mueller (que possui ligações à escola austríaca) me advertiu anteriormente quanto ao uso do termo “inflação”, que é alvo de debates teóricos, mesmo nos dias atuais.

Porém, existe um contraste importante da concepção das formas de moeda que existem. A moeda a qual é monopólio do Governo sua emissão é a moeda fiduciária. Por força da lei e por aceitação geral como meio de pagamento, ela é considerada como dinheiro. Existe outro tipo de moeda, que não está sob o total controle do Governo ou das autoridades monetárias (o próprio professor Mueller, em uma disciplina de Tópicos Avançados de Macroeconomia, abordou este fato como uma falha da teoria quantitativa): a moeda creditícia. Esta é gerada pelo sistema bancário, com finalidade de serem aproveitadas oportunidades de obtenção de lucro.

Em momentos de expansão econômica, e principalmente em meio à concorrência entre os bancos, estes criam fontes extras de rendimento (via inovações financeiras), de certa forma “burlando” qualquer controle governamental sobre agregados monetários, as quais são consideradas moeda. Esta consideração dos mesmos como tal se deve ao atual estágio de desenvolvimento do sistema bancário, que confere a estes ativos criados pelos bancos comerciais ou múltiplos com carteira comercial liquidez e garantias contra perdas. Este estágio de desenvolvimento do sistema bancário se caracteriza por possuir redepósitos no próprio sistema de créditos criados pelos bancos, câmaras de compensação, mercados atacadistas interbancários e, principalmente, um emprestador de última instância (o Banco Central).

O que importa é o seguinte: a criação de moeda, frente à demanda pela mesma, é dada pela autoridade monetária apenas (oferta monetária exógena), ou também é atendida pelo sistema bancário (oferta monetária endógena)? Um economista não deve estar preso cegamente a teorias que, além de não explicar adequadamente a realidade, ainda criticam a mesma por não se adequar aos seus pressupostos teóricos. A função da teoria econômica é espelhar a realidade; a “Economia é a penosa elaboração do óbvio”.

Deixarei de lado, por hora, toda a questão teórica e estatística, me detendo na descrição da realidade “óbvia”. Primeiro, uma autoridade monetária pode tentar controlar algum dos agregados monetários existentes (M1, M2, etc.) mesmo em detrimento de outros. Mas mesmo o FED, apesar de utilizar o como indicador de política monetária o conceito M2, ainda assim atua com base em uma taxa básica de juros. O usual meio de controle é a fixação de uma taxa de juros pela autoridade monetária. Para qualquer desvio causado pelo mercado financeiro a esta taxa, a autoridade monetária atuará com: emissão monetária (aumento da base monetária), variação na taxa de compulsórios e através de operações no mercado aberto, com títulos do BC ou os do Tesouro, que estejam em sua carteira. As duas últimas têm seu alcance apenas sobre as reservas bancárias compulsórias ou espontâneas junto ao Banco Central.

Se a autoridade monetária não atuasse quando de aumentos da demanda por moeda (que, aliás, não se dá apenas por motivo transacional, mas também precaucional ou especulativo, dada a existência de incerteza existente em relação ao futuro – outra falha da Teoria Quantitativa), dado o poder de fixação de preços, pelo sistema bancário, a taxa de juros cresceria, se afastando da meta. A taxa básica aumenta porque, os títulos os quais a negociação define a mesma, são também objetos desta maior demanda monetária, devido ao seu padrão de “quase-moeda”, principalmente no mercado atacadista interbancário.

A oferta monetária, em relacionando à taxa de juros num plano bidimensional, possuiria não uma forma vertical (inelástica), mas sim a forma horizontal em grande parte de sua extensão, caracterizando uma oferta acomodatícia em relação à demanda, finalizando-se com uma inclinação positiva, que denotaria o que ocorreria do não comprometimento da autoridade monetária com sua meta.

Os fatos caracterizam a oferta monetária como sendo endógena. A agregado monetário M4 tem correspondido, nos últimos cinco anos, a média 13 vezes a base monetária: a maior parte da moeda ofertada na economia não é controlada pelo Governo.

Quanto à demanda, abstraindo as demandas precaucionais e especulativas, a demanda transacional se daria com o aumento das transações ou preços. A teoria quantitativa argumenta que não havendo aumento da oferta monetária, haveria uma variação de preços relativos, sem nada acontecer no nível geral de preços. Porém, se o “Governo” aumentar a oferta, estará inibindo a necessidade de variações de preços relativos, causando aumentos gerais. A inflação do estoque monetário precederia o aumento do nível geral de preços.

A não existência de moeda creditícia corroboraria a tese de que o não aumento da oferta monetária inibiria preços, porém com seqüelas recessivas na economia. Porém, a oferta sendo acomodatícia, ou seja, endogenamente criada, ela atende a demanda. A demanda se dá por causa das transações e preços. Resultado: o aumento da oferta monetária não causa preços, mas se trata de uma corroboração aos seus aumentos, que se não feita pelo governo, será pelo sistema bancário indo até mesmo a um ponto de pressionar a alta nas taxas de juros e o crescimento da velocidade de circulação da moeda.

A explicação da inflação está em outro lugar. São as variações de preços e volume de transações que causam aumentos na oferta de moeda, ou seja, a “inflação da massa monetária”.

A explicação para as variações de preços exporá na próxima semana. Por hora, observarei apenas que estes não são dados por “simples interações” entre oferta e demanda em mercados, mas por “empresários seres humanos”, que são “formadores de preços” (price setters) e que suas decisões sofrem influencia da incerteza quanto ao futuro, das taxas de juros, acesso ao sistema financeiro e da sua capacidade de autofinanciamento.

Parece que a realidade é bem mais complicada que pensavam os teóricos da Teoria Quantitativa da Moeda....