O Essencial von Mises
Feita a leitura do livro “O essencial von Mises” farei, como prometido num dos posts anteriores, as considerações a respeito dele. Contudo limitar-me ei a falar mais incisivamente sobre o primeiro capítulo, o qual me chamou bastante a atenção.
Na verdade, “O essencal von Mises” é um livrinho com pouco mais de 50 páginas pertencente a Série “Pensamento Liberal”, editado pelo Instituto Liberal e pela José Olympo editora. O livro pode ser visualizado e comprado clicando aqui.
O autor do livro, Murray N. Rothbard, foi aluno de Ludwig von Mises na New York University e seguiu os passos de seu mestre, tornando-se um dos mais nobres representantes e defensores da Escola Austríaca de Economia. Rothbard, já de início, aborda a contribuição da Escola Austríaca para a teoria econômica. Apresenta-nos desde os erros crassos dos economistas clássicos (Smith, Ricardo, Stuart Mill), isto é, a teoria do valor-trabalho, bem como a sociedade formada por classes. O que culminou na direta ponte que permitiu a Marx edificar sua teoria do Capital com plena lógica frente aos escritos dos economistas que o antecederam.
Rothbard mostra-nos que a Escola Austríaca demostrou mais que satisfatoriamente a invalidade da tese clássica a respeito da formação do valor e dos preços com a elaboração da teoria do valor subjetivo marginal, mas lamentavelmente o marxismo estava impregnado no ambiente “científico” da época, não tomando conhecimento da contribuição dos austríacos para a ciência econômica. Infelizmente vivemos ainda hoje as conseqüências dessa falha dos clássicos, pois Karl Marx tendo derivado sua “teoria” a partir do postulado clássico ganhou notoriedade absoluta nos meios pensantes de sua época e infelizmente essa anomalia intelectual persiste até hoje.
Quem deu os primeiros passos acerca da teoria do valor subjetivo foi Karl Menger - fundador da Escola Austríaca - seguido de seu aluno Eugen von Böhm-Bawerk, os precursores da Escola Austríaca. O que M. Rothbard faz nos capítulos posteriores é introduzir o leitor, de forma sucinta, no universo teórico da contribuição de von Mises, desde sua teoria da moeda; do ciclo econômico; a sua batalha teórica no período entreguerra; a inédita análise sobre a impossibilidade econômica de uma economia socialista até a metodologia da Escola Austríaca fundamentada na ação humana manifestadas livremente pelos indivíduos através dos gostos e preferências que são subjetivos, pessoais e intransferíveis. Essa metodologia criada por von Mises é o que chamou de praxeologia: o estudo da ação humana.
O livro é uma ótima pedida para aqueles que ainda não tiveram contado com a contribuição dos teóricos austríacos e mais ainda para aqueles que nunca estudaram as letras econômicas, pois além de ser escrito com uma linguagem de fácil entendimento e acessível a qualquer leigo em economia, M. Rothbard, descrevendo a Escola Austríaca, elucida, portanto, a Economia como ela de fato é. Economia é o estudo da ação humana no mundo real, marcado pela escassez de recursos e pela incerteza dos agentes econômicos.
Aqueles que desejarem se aprofundar e ainda ir mais além na investigação a respeito dos pontos assinalados por Rothbard neste livro, não deixe de ler “Economia e Liberdade – A Escola Austríaca e a Economia Brasileira” do Ubiratan J. Iorio. Um refinado tratado (e muito bem escrito) sobre a contribuição dos "austríacos" para a ciência econômica. Infelizmente no Brasil esta escola ainda segue relegada ao opróbrio, não só pelo fato de ter sido efetivamente poucos aqueles que tiveram contato e que se deram o trabalho de estudá-la, mas também pela dominação esquerdista dos "centros do saber", que encontram-se comprometidos com anseios políticos ideológicos ante ao estudo sério da ciência que se presta a ensinar.
Enquanto isso, vivemos a hegemonia do keynesianismo e do marxismo nos meios letrados deste país, aliado a seus hediondos (de)efeitos sobre a economia do mundo real. É triste e lamentável. Assim sendo, a leitura dos livros citados acima se faz necessária e urgente, também por uma questão de higiene mental.
(Editado por Álvaro Pedreira de Cerqueira)
8 de jan. de 2003
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