A importância de fazer o certo
22 de Julho de 2011
Por Steven Horwitz | Ordem Livre.org
Os liberais, especialmente os mais jovens, estão sempre em busca de “munição intelectual”. Queremos encontrar argumentos e evidências que apoiem a nossa visão de mundo, e queremos trazê-los aos outros, quer nos nossos próprios escritos, ou blogs, ou redes sociais, ou em conversas. Certamente, uma das motivações para que eu escreva um artigo por semana é que ele possa servir esse propósito para os outros.
Mas há também um perigo em ver tudo que lemos como potencial munição intelectual: começamos a julgar o trabalho das pessoas por quão bem as suas conclusões se alinham às nossas ao invés de considerarmos quão bem eles apresentaram o argumento. Encontrar aquele artigo perfeito que parece usar o mesmo argumento que há muito tempo você pensa ser certo mas nunca pode articular direito, ou não tinha as evidências necessárias para o fazer, é um sentimento maravilhoso, mas é importante não deixar a adrenalina se colocar no caminho do seu melhor julgamento. Só porque você concorda com a conclusão de um autor não quer dizer que ele fez um bom trabalho, e não é bom para a causa liberal criar argumentos baseados em teorias errôneas, dados falsos ou evidências incompletas. Na verdade, é contraproducente porque aqueles que conhecem os fatos eventualmente descobrirão tais erros e prontamente rejeitarão as conclusões, mesmo que as conclusões estejam certas e possam ser melhor defendidas.
História revisionista
Este problema é especialmente desafiador para a história revisionista liberal. Para pegar um exemplo que conheço bem, considere a Grande Depressão. Quando os liberais querem argumentar que Herbert Hoover era um proto-New Dealer, ou que as políticas de FDR não melhoraram muito as coisas, ou que a Segunda Guerra Mundial não acabou com a Grande Depressão, ou que o laissez faire não causou a Grande Depressão, não é suficiente apenas fazermos essas afirmações. Precisamos confirmar nossos argumentos com evidências estatísticas e históricas. Após a economia keynesiana ganhar espaço, muitos escritores liberais clássicos a criticaram, mas foi apenas após o aparecimento de A Monetary History of the United States, de Milton Friedman e Anna Schwartz nos anos 1960 que as coisas começaram a mudar. Esse livro funcionou porque ele foi meticulosamente pesquisado e documentado, e foi capaz de convencer muitas pessoas de que sua visão da Grande Depressão estava errada. Nós, economistas e historiadores liberais, precisamos ter o mesmo compromisso com a excelência na pesquisa no nosso trabalho.
Quando liberais oferecem histórias revisionistas de tópicos ainda mais controversos, como a Guerra Civil americana, ou as origens do Fed, devemos nos comprometer a fazer o certo. Quando somos desleixados com as nossas fontes históricas, quando distorcemos citações, ou quando ignoramos fontes que desafiam as nossas ideias, estamos nos encaminhando para o fracasso. Nossos livros e artigos eventualmente serão lidos pelos nossos críticos, que nos repreenderão por violarmos as boas práticas da pesquisa e da busca do conhecimento. O danos à reputação dos liberais será duradouro.
Muitos liberais se sentem tentados usar a rejeição às críticas a à maneira de pensar como disfarce para discordar das conclusões de um autor. Outros não sabem por que deveríamos nos preocupar com o que parece ser “pegar no pé” se o argumento mais amplo está correto. A resposta é que os detalhes são importantes. A melhor maneira de persuadir pessoas é ter a verdade do seu lado, e se brincamos com os argumentos e evidências, aqueles que estamos tentando persuadir não confiarão em nada que falamos.
Cultivando pensadores críticos
Passei o último fim de semana falando sobre ensino com um grupo de professores e estudantes de pós-graduação. Um assunto recorrente era quão “explícitos” devemos ser a respeito do nosso liberalismo em sala de aula. Os experientes professores falaram que não há problema em ser honesto a respeito do que acreditamos, mas a primeira responsabilidade que temos é de cultivar estudantes que sejam bons pensadores críticos e que sejam comprometidos a encontrar a verdade. Se acreditamos que as ideias liberais são verdadeiras, então os estudantes que se importam com a verdade e que são bons pensadores críticos eventualmente as descobrirão. Não precisamos empurrá-las goela abaixo. O mesmo deve ser verdade para o que nós escrevemos.
Então, como vocês como leitores podem saber o que é bom e o que não é? Uma resposta é ler o que o outro lado está escrevendo. Leia livros que critiquem as ideias do liberalismo e veja se os autores liberais parecem acertar. Leia resenhas de livros liberais escritos por liberais e não-liberais. Veja quais fontes eles usam. E o mais importante, não pense que um autor tem todas as respostas ou que o liberalismo é um sistema perfeito de verdades. Não precisamos ter todas as respostas, e é por isso que estar comprometido a encontrar a verdade é tão importante. Qualquer outra coisa é a receita para o fracasso.
2 comentários:
É verdade, existe a falsa impressão de que, ao vermos um acadêmico falando algo que nos agrada, nós estaremos certos, sem antes, ver se o próprio acadêmico está certo, se ele está seguindo o método e utilizando lógica e racionalidade.
É importante questionarmos inteiramente tudo aquilo em que acreditamos.
Prezado(a) amigo(a),
Desejamos a todos um Natal cheio de amor em família e de alegria pelo nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo!
Que todos busquemos sempre os bons valores para vivenciarmos e com eles dar exemplo aos céticos.
Feliz Natal!
de Klauber Cristofen Pires (LIBERTATUM) e família
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