Inflação: um dragão falecido?
Notícias dão conta de que a economia do País pode crescer até 5% este ano. Superando uma taxa a muito não alcançada. A razão do aquecimento da economia brasileira é o aumento das exportações, o que significa que a economia externa é que fomentou o aumento da produção interna.
Enquanto isso a demanda interna permanece em patamares tímidos em virtude da queda no poder de compra da moeda interna, ou no máximo, apresenta fracos sinais de crescimento. Uma razão eminente da queda do poder de compra da moeda é a excessiva criação de moeda pelo Banco Central que ao injetar dinheiro na economia, mais que a sua capacidade de produção, faz com que os consumidores gastem mais rapidamente o dinheiro principiando um processo inflacionário e, ao mesmo tempo, criando um aquecimento da economia não sustentável.
A ciência econômica garante que quando o governo (o aparato que detém o monopólio da criação e emissão de moeda) injeta mais moeda do que o produto total da economia (a soma de todos os bens e serviços produzidos em determinado tempo) os agentes econômicos tendem a gastar o dinheiro mais rapidamente, ou seja, eles preferem se desfazer da moeda o quanto antes, consumindo bens e serviços, pois temem que se deixar isso para depois a moeda não terá o mesmo poder de compra. Esse círculo vicioso se auto-alimenta na medida em que os agentes econômicos (as pessoas) percebem que há excesso de liquides na economia, e passam a gastar cada vez mais rápido seu dinheiro.
É esse processo que fomenta o que os economistas equivocadamente chamam de “aumento geral no nível de preços”, quando na verdade o que ocorre é uma depreciação do poder de compra da moeda em virtude do excesso de moeda-papel que o governo lança no mercado. Com o excesso, o valor da moeda vai se depreciando e, conseqüentemente, ela vai perdendo seu poder de compra. Entretanto, quando isso ocorre, o que os consumidores sentem é que os “preços subiram”, pois é o que se verifica nas prateleiras dos supermercados, das farmácias, no boleto da água, da luz etc.
Um processo inflacionário (ou mesmo “um pouco” de inflação como alguns suicidas querem para promover o crescimento) num sistema econômico é como um câncer que corrói um organismo. No caso do sistema econômico, a inflação prejudica em maior proporção às classes mais baixas que praticamente consomem tudo o que ganham e não podem poupar, pois guardar reservas em fundos de investimento é uma alternativa para se proteger da inflação. Além disso, em mais ou menos tempo, o governo se vê obrigado a lutar contra a inflação, que além de aumentar as desigualdades sociais ela agrava as contas públicas. Por isso o governo se vê obrigado a debelá-la sob pena de implosão do déficit público e da corrosão total do poder de compra da moeda, levando uma economia a total ruína com, desemprego, desigualdade, recessão e, como se não bastasse, inflação.
Verificado que o Banco Central vem ao longo dos últimos meses promovendo um aumento contínuo da oferta de moeda em relação ao crescimento da economia, o perigo inflacionário torna-se cada vez mais eminente. Caso o BC não rever a irresponsável condução da política monetária que vem praticando, a sociedade poderá vir sofrer o assalto da inflação em seus bolsos com a inevitável corrosão do poder de compra da moeda e, conseqüentemente, a “alta crescente e persistente dos preços” nas prateleiras, configurando um quadro desalentador para a economia brasileira.
O crescimento econômico que a economia brasileira vem apresentando, além de encontrar graves restrições em setores como o de transportes e energia (só para citar dois) pode ser impedido ainda com o perigo inflacionário. Mas enfim, não soa estranho que um governo que tem uma ideologia de inspiração estatista e totalitária, ressuscite alguns “dragõezinhos”.
02/09/2004
4 comentários:
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