Inocêncio é um típico sujeito boa praça. Acredita piamente que a humanidade é composta de gente empenhada em fazer o bem; gente caridosa e solidária, como ele. Sempre procura olhar o lado bom das coisas, sonha com o fim das desigualdades e que um dia haverá "justiça social", mesmo que não saiba exatamente o significado disso. Desde cedo "ensinaram-lhe" a acreditar nos homens, por isso confia nos políticos que vendem ilusões e frases de efeito do tipo "um mundo melhor é possível". Adora o presidente Lula. Não gosta de bandidos, nem de corruptos, mas pensa que eles são vítimas do dinheiro, do “vil metal que a tudo e todos corrompe”.
29 de ago. de 2005
Inocêncio é um típico sujeito boa praça. Acredita piamente que a humanidade é composta de gente empenhada em fazer o bem; gente caridosa e solidária, como ele. Sempre procura olhar o lado bom das coisas, sonha com o fim das desigualdades e que um dia haverá "justiça social", mesmo que não saiba exatamente o significado disso. Desde cedo "ensinaram-lhe" a acreditar nos homens, por isso confia nos políticos que vendem ilusões e frases de efeito do tipo "um mundo melhor é possível". Adora o presidente Lula. Não gosta de bandidos, nem de corruptos, mas pensa que eles são vítimas do dinheiro, do “vil metal que a tudo e todos corrompe”.
26 de ago. de 2005
13 de ago. de 2005
Rodrigo, qual é a sua formação acadêmica?
Sou formado em Economia pela PUC-RJ, e tenho MBA de Finanças pelo IBMEC. Trabalho há anos no mercado financeiro, como analista de empresas e administrador de portfolio.
Quais economistas influenciaram a sua formação?
Pelo incrível que pareça, fui ser mesmo mais influenciado pelos austríacos, após a faculdade. Mises e Hayek seriam, portanto, grande influência. Mas Milton Friedman, de Chicago, também exerceu forte influência, sem falar do clássico Adam Smith.
Alguma obra em especial foi determinante?
As obras de Hayek foram muito importantes, principalmente The Constitution of Liberty e Road to Serfdom. Intervencionismo e Liberalismo, ambos de Mises, foram importantes também. Os livros de Ayn Rand, mais sobre filosofia política, tiveram forte impacto em minha formação. Gostei, em especial, de Atlas Shrugged, Capitalism, The Virtue of Selfishness e Philosophy: Who Needs It.
Algum pensador brasileiro exerceu influência sobre você?
Sem dúvida! Roberto Campos é o primeiro que me vem à cabeça. Og Francisco Leme foi fantástico em "Entre os Cupins e os Homens". Olavo de Carvalho, com quem não compartilho de todas as idéias, exerceu ainda assim grande influência em certos campos. E o economista Paulo Guedes, com quem trabalhei, sempre me ensinou muita coisa útil.
Que elogio ou crítica você faria aos cursos de Economia do Brasil?
Keynes demais! Acho que a principal crítica seria mesmo a grande ausência dos pensadores austríacos, que quase não são debatidos nas aulas. Creio também que, no primeiro ano, o foco deveria ser bem maior nos aspectos filosóficos e morais, nas características da natureza humana, no estudo da ação humana através da praxeologia, para somente depois gastarem mais energia em fórmulas e econometria. Muitos economistas hoje são bons aplicadores de matemática, mas não conhecem muito as premissas filosóficas importantes para as ações humanas, o que em última análise deveria ser o estudo da economia.
Hayek, Mises ou Rothbard?
Tough question! Mises foi brilhante! Confesso que preciso reler "Human Action". Hayek provavelmente seria o eleito da lista, se fosse necessário a cruel decisão de eleger um apenas. E Rothbard costuma ser mais anarquista que eu, mas seu livro sobre a Crise de 29 é excelente!
O que você está achando do governo Lula?
O que ainda tem do governo? Acho patético! Escrevi um livro, antes desses escândalos todos, chamado "Estrela Cadente: As Contradições e Trapalhadas do PT". Acho que o governo Lula aumentou o Estado, já absurdamente grande no Brasil. Aumentou a intervenção estatal, criou mecanismos ineficientes, como Fome Zero e regime de cotas, não privatizou nenhuma empresa, que acaba servindo para palco de corrupção dos políticos. A parte macroeconômica recebe elogios, através da figura de Palocci. Mas sabemos que o país está crescendo a despeito do governo Lula, não por causa dele. O ambiente externo não poderia ser melhor, com forte crescimento, elevado preço de commodities e juros baixo. O Brasil perde uma grande oportunidade. Cresce bem menos que o resto do mundo. Culpa, em boa parte, da inoperância de Lula nas questões que precisavam ser atacadas, como reformas que reduzissem o Estado, flexibilizassem as leis trabalhistas, desmontassem a burocracia etc.
Gostaria que vc falasse um pouco sobre seus dois livros, o "Prisioneiros da Liberdade" e o já citado "Estrela Cadente". Em que consistem?
Prisioneiros da Liberdade trata-se de uma coletânea de cerca de 80 artigos, passando por vários temas que incluem economia e política. O foco é sempre a defesa da liberdade individual, e são artigos com embasamento e repletos de dados empíricos e teoria sólida por trás. Estrela Cadente é um livro focado em demonstrar o embuste que é o PT e sua retórica. O livro passa por vários pontos sobre o PT, falando de ética e corrupção, dos programas de governo como Fome Zero, Estatuto do Desarmamento e Cotas, lembra do passado dos principais líderes petistas e trata de economia também. Mesmo com escândalos mais rápidos que a minha velocidade de escrita, o livro vale a pena por desconstruir o partido por diversos ângulos, sempre com forte embasamento.
Juros, dívida, carga tributária, sistema político, enfim. Em sua opinião, o que deve ser feito para o Brasil sair do marasmo, resgatar o desenvolvimento e gerar a inclusão dessa grande parcela de desempregados e pobres que vivem no Brasil?
Um choque liberal. Os juros altos não são causa, mas reflexo dos problemas. Eles começam na falta de império isonômico da lei, que tira a confiança dos investidores. Na cultura paternalista do Estado. Na mentalidade estatólatra, que considera o empreendedor um inimigo dos consumidores e trabalhadores, delegando aos burocratas poder para controle da economia. A Previdência precisa urgentemente de reforma decente, privatizando-a inclusive, aos moldes chilenos. A carga tributária precisa ser drásticamente reduzida, com a concomitante redução dos gastos públicos. Hoje temos no Brasil uma clara luta de classes, onde os exploradores, parasitas do governo, roubam à luz do dia, com o respaldo da lei, os explorados, formados por todos os pagadores de impostos do setor privado, que gera riqueza.
Sugestão de três sites brasileiros obrigatórios. Por quê?
Acho que o Mídia Sem Máscara cumpre bem o papel de mostrar o outro lado da moeda, e vale muito a pena ler seus artigos. O site do Diego Casagrande tem vários artigos bons, e sou muito suspeito para falar de ambos, pois publico os meus artigos neles. O terceiro seria, claro, o Blog de Lucas Mendes, com excelente foco na escola austríaca.
12 de ago. de 2005
Considerações sobre o Livre Mercado
Lew Rockwell Jr.
Os críticos do sistema de livre mercado argumentam que se deixar o mercado a sua própria sorte ele apenas funcionará para o lucro de acordo com os anseios egoístas dos indivíduos e terminará por não atender as necessidades sociais. Deste modo, os críticos dizem que as necessidades sociais só podem ser cumpridas pelo Estado.
Mostraremos neste artigo que esta premissa argumentativa está equivocada e, por esta razão, as idéias que as pessoas advogam inferidas a partir dela só podem conduzir ao absurdo.
A economia de livre mercado é marcada pela livre ação individual ou associativa em sociedade. Desde Adam Smith sabemos que o resultado de uma sociedade em que cada um busca o seu próprio interesse não é o caos ou a guerra, mas sim o aumento sistemático do bem-estar comum. Além disso, como demonstrou o eminente economista e cientista social Ludwig von Mises, o livre mercado é o sistema que propicia um ambiente pacífico entre as partes ou nações. Ora, quanto mais transparente e escuso de relações coercitivas por parte do Estado, menos o sistema tende ao conflito e mais tende à cooperação.
Desta forma, a idéia de que o livre mercado não atende o social é uma falácia previamente demonstrada pela própria ciência econômica e também pela experiência histórica, vez que o Índice de Liberdade Econômica publicado anualmente pelo Heritage Foundation e The Wall Street Journal nos garante isto. Com efeito, os críticos do livre mercado e arautos do “bem- estar social” se equivocam duplamente. É só num sistema livre da coerção estatal que se promove um ambiente propício à minimização sistemática de nossa condição natural, a pobreza, e o aumento do bem-estar.
De outra feita, a idéia de que o Estado é o ente benévolo de caridade é um equivoco tanto mais grave. O Estado é o ente de coerção e compulsão por excelência. Por conclusão lógica, decorre que não pode haver caridade onde existe coerção. A sobrevivência do Estado é baseada na arrecadação de recursos que ele recolhe da sociedade via impostos. E imposto não tem este nome por acaso. Então o que o Estado exerce é a caridade a força, ou seja, uma contradição de termos que reflete precisamente o oposto do que a caridade significa: uma ação que emana livre, voluntária e espontaneamente das pessoas e ou organizações. Em outras palavras, a caridade está intimamente ligada a voluntariedade e não a coerção. Assim, mais que um simples ato, a caridade é uma virtude da pessoa humana. Como o estado, por definição, não pode gerar a virtude, logo ele é um retrato da não-virtude e da imoralidade.
Em suma, a crença de que o livre mercado é perverso e o Estado seria o instrumento de sua correção e domesticação, além de sofrer graves equívocos de ordem conceitual e de discernimento da coisa em si, a explicação oferecida pela ciência econômica ajuda-nos muito a entender os problemas que emergem nas sociedades modernas, em especial no Brasil, onde a fé que deposita-se no poder Estatal chega a ser doentia.